19 de dez. de 2010

Lançando fios na web

Queridos, finalmente, após alguns anos (saturno na primeira casa dá nisso!), disponibilizei online o material que utilizo nos encontros de contação de histórias que ofereço.

Ele é adaptado da minha monografia "Contando com o espaço: a relação entre o público e o contador de histórias", apresentada em 2004 para conclusão da graduação e
m Letras.

Como aquariana que sou e muito crente nas redes sociais, não quero ficar com nada preso no meu HD!
O fio é:

http://www.4shared.com/document/ErsGFzer/Na_teia_de_Anansi_-_apostila.html


Afeto sempre...

9 de ago. de 2010

A Contação como Performance


Todos os domingos, no MAC, às 16h, acontece o "Histórias no MAC", uma sessão de contação de histórias. Ontem, eu fiz a minha participação.

Acontece toda vez: como a contação é realizada ao longo da varanda-galeria, o que acaba sucedendo? O que foi feito, em princípio para ser realizado como contação, acaba se trasnformando em performance.


Vários motivos: o primeiro pelo próprio sítio em que a sessão acontece, a galeria, onde tudo que se espera e se expecta são obras de artes visuais. Sendo assim, qualquer ato humano diferenciado do cotidiano e da ação de observador realizado ali é considerado performático. Os gestos de um contador ao preparar o seu material, ao se colocar em permanência no espaço, ao invés de se deslocar como os visitantes fazem, chama uma atenção diferenciada por parte do público. E, em se tratando de um espaço em que o contemporâneo, surge a abertura por parte desse público mesmo à arte contemporânea e todas as suas viabilidades expressivas.


Tratava-se da exposição "O lugar da linha" (até 22 de agosto!) e, claro, para dialogar com o conceitual, escolhi
minhas histórias de fios.

E sim, levei novelos de lã.

Antes do horário de início, subi à varanda e preparei o terreno e vou dizer: eu amo tanto os fios, que faço tudo como se fosse um ritual, prestando atenção a toda ação que eu realizo. Talvez mais ainda, quem me observa e aos fios atribua uma significado diferenciado à ação.

E tecia meus fios pelo espaço...

E trago aqui algumas das experiências do público - das que lembro e que ouvi e vi:

1. diálogo entre mãe e filho...

- O que ela tá fazendo, mãe?
- Não sei. Vamobservar. Senta aqui. Olha tudo: as cores, como ela coloca os fios. Olha lá: vai mexer no fio. Ela não gostou do jeito que tava. Ó: agora ela vai tirar foto. "Alá": mudou de novo o fio de lugar. Tirou foto de novo.
... (eu me afasto)
- Mas é o que esse desenho?
- Não sei. O que você acha?
- Hum... parece uma estrela...


2. diálogo entre casal...

- Ela mistura a lã e fica cantando, é isso?
- É... música é linha também, né?
- Linha misturada, hahahahaha!
- hahahhahah!

3. diálogo entre casal outro...

- Que é isso?
- (impaciente) É linha. É tudo linha. É linha de tricô.


4. capítulo último...

- Ah! É uma contação, é? Ahahn, eu pensei...


...

Pensou... Iludiu... Suspendeu... Criou conjecturas mil, se pôs a desenrolar fios de pensamentos sabe-se lá quantos.

Modificou-se...

Esse não é um papel para as Artes?

É...

A contação como performance.

8 de ago. de 2010

Histórias no MAC - Fios...


Queridos,

hoje é dia dos pais! Só pra contrariar um pouco: papais, vocês já contaram uma história pros seus filhos hoje? Se sim, que maravilha! Se não, que tal agora?

Não importa que ele esteja na barriga, vendo tv, pendurado no computador ou em outro lugar distante de ti: conta!, um caso que seja.

Pode ser uma história da tua infância, pode ser uma história que você ouviu e sempre gostou. Mas conta, pai, conta!

Embolem os teus novelos de vida e vocês vão ver: vai dar um nó tão gostoso, que vocês nem vão querer desenrolar.

Se vocês quiserem um ajudinha, papais e mamães, apareçam hoje lá MAC, em Niterói: às 16h, vou contar três hsitórias da série do Fios... - Aracne, Os 7 novelos e A moça tecelã.

Sigam os fios...

1 de ago. de 2010

Simpósio Internacional de Contadores de Histórias


Mais um ano de histórias...

O Simpósio Internacional de Contadores de Histórias foi lindo. Foi uma delícia rever o querido Daniel Azulay e sua alegria emuitos outros contadores, como o grupo Escuta Só - vai e procura, porque eles são muito cativantes, mesmo.

A minha participação foi uma gratidão. A platéia esteve super generosa. Contei duas histórias da série "Fios": "Aracne" e "A moça tecelã".

O interessante, no mínimo, em um evento como o SICH, é que você pode ir por vários motivos: por querer e gostar de ouvir histórias, para mostrar o seu trabalho, para aprender com outros. Além dos outros motivos, certo!, o último é o que mais me chama atenção. Sim, pois quando digo isso não é só em relação às oficinas e palestras, mas principalmente à maratona, pois é lá que vemos os contadores repletos do espírito da arte e crentes na linguagem que desenvolvem e do modo que desenvolvem. É bonito de se ver tanta gente, como tanto jeito diferente de contar.

E o que é melhor: respeitando as histórias, respeitando o público, respeitando a arte.

Isso é que trama boa.

Até a próxima história...

20 de jul. de 2010

Chegou aquela época pela qual a gente aqui do Rio espera todo ano: o Simpósio Internacional de Contadores de Histórias vai acontecer entre os dias 29 dejulho e 1 de agosto, no Espaço SESC, em Copacabana.
O tema será Histórias sem fronteiras, Histórias em rede, traçando aquele fio gostoso entre a primeva linguagem da contação de histórias e sua conexão com as novas mídias.

Quer saber mais, então clica aí:




Siga esse fio...

18 de jun. de 2010


"O cego ergueu as mãos diante dos olhos, moveu-as, Nada, é como se
estivesse no meio de um nevoeiro, é como se tivesse caído num mar de
leite, Mas a cegueira não é assim, disse o outro, a cegueira dizem que é
negra, Pois eu vejo tudo branco, (...)"

... José Saramago - 16/11/1922 - 18/06/2010

17 de jun. de 2010

4º Encontro Nacional de Contadores de Histórias Pré-Inscrições abertas


Gente, eu já fui e é uma ótima oportunidade de trocar! Então, atentos ao chamado:



Até o dia 30 de junho estão abertas as pré-inscrições para a
4ª Edição do Encontro Nacional de Contadores de Histórias que acontece em Santa Bárbara d’Oeste, SP.


Neste ano o Encontro acontecerá nos dias 16, 17 e 18 de julho e contará com uma programação totalmente gratuita de contações e apresentações em bibliotecas, parques, feiras e ônibus, além de sete diferentes oficinas ligadas ao tema.


O regulamento, a programação, como chegar, os contatos e as pré-inscrições estão no:
http://www.culturadesantabarbara.com.br/contadoresdehistorias.

No dia 02 de julho sai a lista das inscrições aprovadas.

Segue esse fio...

Perca um Livro!!!

Trocar, compartilhar, semear a memória...

Como contadores de histórias sempre nos emprestamos desses verbos para agir com a palavra no mundo.

E se... de repente nos esquecêssemos só um pouquinho?

É a proposta de um jogo muito grato chamado "Perca um livro".

É perder para alguém achar!

É lançar sementes nesse grande labirinto que são as cidades e deixar que alguém encontre o fio de Ariadne.

Quer saber mais, entra lá: Perca um Livro !!!

Bom, eu já estou nessa... se encontrarem um livro com um fio por aí...

Sigam os fios...

9 de jun. de 2010

Brasil nos EUA: um marco histórico!


Queridos e Dears!

Quero compartilhar com vocês a mensagem orgulhosa que recebi de Adriana Sabino, presidente do CCBU - Centro Cultural Brasil Estados Unidos - que vem realizando programas culturais maravilhosos na Flórida, a fim da disseminação da riqueza da cultura brasileira na música, dança, artes cênicas, artes visuais e outras iniciativas, incluindo a educação.

Em 2007, quando fui pela segunda vez aos Estados Unidos por conta da Miami Book Fair, visitei a escola Ada Merritts e o programa é realmente delicioso. As crianças realmente conhecem muito de Brasil e tem uma curiosidade linda de se ver e responder.

Assim, como Adriana Sabino, também me sinto muito orgulhosa de fazer parte dessa história, por ter sido parte da história dessas crianças e por ser brasileira e poder representar dignamente nosso país.

E viva ao conhecer!

Afeto sempre,

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"Caros Amigos,


É com grande alegria que compartilho com vocês a notícia da graduação da primeira turma de oitava série do ensino fundamental - programa bilíngue português / inglês, da escola pública Ada Merritt K-8 Center, em Miami, Flórida, ocorrida ontem, 7 de junho de 2010.

Esta formatura representa um marco importante na história das comunidades brasileiras no exterior.



Pela primeira vez, um grupo de estudantes de variadas nacionalidades: brasileiros, hispanos e americanos, completou os estudos do ensino fundamental num programa bilíngue e bi-cultural em português e inglês, oferecido numa escola pública, aberta a estudantes de todas as áreas do condado de Miami-Dade e dos condados vizinhos, Broward e Monroe.


Alguns destes alunos cursaram o programa ininterruptamente desde a segunda série, aprendendo o conteúdo das matérias do currículo nas duas línguas, num formato em que a instrução é ministrada 60% da carga horária em inglês e 40% em português. Eles falam e escrevem fluentemente o português e tem um profundo conhecimento da cultura brasileira. Estes alunos e suas famílias estarão para sempre ligados ao Brasil através da língua portuguesa e da cultura brasileira.


Como presidente do Centro Cultural Brasil-USA da Flórida (CCBU), sinto-me privilegiada por ter participado da criação deste extraordinário programa apoiando o sistema escolar público, Miami-Dade County Public Schools quando, em 1999, surgiu a idéia de expandir a oferta de educação bilíngue e bi cultural, agregando o programa de português aos já existentes de espanhol, francês, alemão e italiano.


Graças ao empenho aos voluntários do CCBU que fizeram uma campanha de divulgação e de captação de alunos, o programa foi iniciado em 2003 na escola Ada Merritt. No primeiro ano, apenas 64 alunos se matricularam no programa de português. No ano seguinte o programa já contava com 164 alunos. Em 2010 aproximadamente 250 alunos de várias nacionalidades terminaram o ano letivo 2009-10 no programa de português.


O CCBU continua o seu envolvimento no programa organizando eventos culturais e apresentações de grandes escritores e artistas brasileiros, além de participar nas comemorações de datas nacionais e festividades brasileiras. Ana Maria Machado, Daniel Azulay, Angelo Machado, Tatiana Henrique, Mauricio de Souza, Paulo Gualano, foram alguns dos participantes dos programas culturais.


O sucesso do programa da escola Ada Merritt K-8 Center valida o envolvimento do CCBU na criação deste programa que é simultaneamente um poderoso instrumento de manutenção e desenvolvimento das origens nacionais, no caso dos alunos brasileiros e de divulgação da língua portuguesa e da cultura brasileira, no caso dos alunos não brasileiros.


O sucesso desta primeira experiência nos incentiva a trabalhar para ampliar o programa para outras escolas do Sul da Flórida e dos EUA, criando um modelo que possa ser implantado em outros países onde existam comunidades brasileiras.


Agradeço a todos vocês que contribuíram para o sucesso do programa bilíngue português-inglês, com o seu apoio e sua participação. E convido-os a participar da próxima etapa: o desafio de consolidar e aprimorar o programa criando um currículo brasileiro complementar aprovado pelo Ministério da Educação, um convênio entre o governo brasileiro e o sistema escolar público local, e ampliando este programa para outras escolas públicas americanas.


Parabenizo a primeira classe de oitava série do programa de português-inglês da escola Ada Merritt K-8 Center, em Miami (660 S.W. 3rd. Street. Miami, FL ).


Anna Alvarez | Sloane Bochman | Victoria Diaz | Katelyn Flood | Tiago Lopez|

Alex Nordlund | Brennan Sullivan | Janelle Williams


Minhas cordiais saudações.

Adriana "

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Site do CCBU: http://www.centroculturalbrasilusa.org/

31 de mai. de 2010

O que fazem as meninas quando desabrocham?



Um bocadinho de Teatro de Rua... Uma pitada de Lirismo... Um punhado de Comédia... Uma mão de cantiga de roda... Esses e outros são os ingredientes do espetáculo teatral "O que fazem as meninas quando desabrocham?", baseado em três contos de Mário de Andrade.

Ambientados na década de 20 do século passado, os contos "O besouro e a rosa", "Menina de olho no fundo" e "Jaburu malandro" tem em comum as histórias de três meninas, Rosa, Dolores e Carmela, que, alheias às tranformações sociais da época, às conquistas feministas e lutas políticas, descobrem o desejo de ser mulher e amar livremente.

Os três textos fazem parte do livro "Contos de Belazarte", onde Mário de Andrade reúne toda a sua pesquisa da cultura popular brasileira em histórias que mostram bairros intocados em uma São Paulo que já vivia modificações urbanas e industriais.

O diretor Eduarco Vaccari aplica na encenação o colorido da linguagem do circo-teatro, dialogando com os textos e momento lírico evocado na literatura-contação de histórias andradiana.

As apresentações acontecem até dia 20 de junho, às sextas, sábados e domingos, às 20h30, no Teatro Armando Costa - ETET Martins Pena - Rua 20 de abril, 14, Centro RJ

A entrada é gratuita, com senhas distribuídas a partir das 19h30 - 60 lugares

Visite o site clicando aqui "O que fazem as meninas quando desabrocham?"

Evoé!!!!!!!!!!

23 de mai. de 2010

Cinco minutinhos pra coisas boas? Então vai lá:
Site de Literatura Infatojuvenil da UFRJ
http://www.literaturainfantilejuvenil.com.br/
Sigam os fios... ainda que virtuais.

8 de abr. de 2010

Queridos, neste fim de semana levo meus fios para Miami - EUA, no Brazilian Festival.

Torçam por esta conterrânea feliz por representar um pouco da cultura brasileira.

Na volta conto mais. Porque eu conto mesmo!

Afeto sempre,

http://www.centroculturalbrasilusa.org/ENGLISH/CCBU-Events.html

22 de jan. de 2010

Vamos começar por inventar histórias?
Escolha uma parte do seu corpo e invente uma história de amor. Lá vai a minha:

"Maria Indicadora era daquelas que adorava apontar os defeitos e as qualidades e os lugares e tantas e tantas coisas desse mundo. Desde pequena sempre metia o bedelho onde era e não era chamada. E é claro, prezava muito por seus dedinhos, todos eles, pois cada lhe permitia meter os bedelhos em todos os lugares que quisesse: nas orelhas, pra aliviar aquela coceirinha, no bolo, na panela de sopa quente e gostosa, no nariz, nos olhos, na cabeça e até entre uma unha e outra, dentro do armário.

Pois foi assim de uma pro outro, sem nada nem ninguém, nem ela mesma saber porquê, aquilo tudo aconteceu, daquele jeito.

Ela acordou do mesmo jeito como acordava todos os dias, se espreguiçou e coçou os olhos, com o dedo mindinho como fazia todos os dias, retirando-lhes as remelas... mas... não conseguia nem mesmo alcançar os olhos, pois... o seu dedo mindinho, o esquerdo, havia sumido.

O mais estranho: não havia sinal de corte nem sangue, nem ela havia se machucado no dia anterior, nem era sonâmbula pra ter perdido seu mindinho por aí.

Ainda mais estranho foi no dia seguinte: o dedo mindinho, o direito também havia desaparecido.
E no outro o seu vizinho esquerdo. O seu vizinho direito. Os pai de todos. Os fura bolos. E até os mata piolhos.

Ela já não saía mais de casa, de deito nenhum! Imagine, como ela iria acenar para as pessoas, pegar os pães na mercearia, colher as flores, receber um beijo nas mãos?!!!!

Bom, ela até tentou alguma artimanha para disfarçar: luvas!!!! Na primeira vez, empurrou terra pra dentro dela, mas... a terra pesava muito e a luva caía no chão.

Depois tentou palitos de madeira, mas... eles eram muito fininhos, não davam firmeza e ainda pareciam ossos.

E os ossos?! Cruzes! Começaram a feder e a juntar formigas.

E Maria Indicadora começou a apontar pra baixo, com toda a sua cabeça e olhos e ombros saudosos daqueles dez dedinhos.

O que precisava mandava entregar. Já deixava o dinheiro na porta. Não precisava trabalhar mesmo, porque moça com a vida dela, já teve quem metesse os dedos na cara de suor e deixasse-lhe apenas os louros.

E, agora, só ficava na janela e com as mãos bem escondidas, pra ninguém desconfiar.

Mas, ainda que quisesse se esconder, sabe-se lá o porquê, bem naquele dia, aquele moço passou por ali, e algo nela acertou nele e mandou seta para aquela janela e nenhuma outra.

Os olhos dele se meteram nos olhos dela e ela, percebendo, começou a marcar os dela pros lados, “ele não pode chegar aqui! como eu vou estender a mão! Santa Luzia, mostra outro lugar pra esses olhões!”

Mas nada adiantou... ele foi se aproximando como se amarrado por todos os dedos que ela não tinha naquelas mãozinhas.

Ela fechou os olhos.

Ele tirou a mão direita do bolso da calça e estendeu pra ela.

Ela sabia que ele estava ali. Não era de bom tom ignorar.

E quando ela olhou para as mãos dele... ela a viu... com dez dedos.

Um sorriso riscou o rosto dela, e não era de deboche, mas era por encontrar alguém de mão tão absurda quanto a dela.

E olhando mais e mais, ela viu que aqueles cinco dedos a mais não eram dedos quaisquer.

Reconhecia-lhes a finura, as unhas pintadas e o anelzinho de pedrinha verde.

Quando uma parte da gente quer buscar a quem se ama, ultrapassa-se os limites do próprio corpo e da alma."

Um 2010 inteiro para todos nós!!!

Pra conhecer mais... Curriculum

http://mundoazulth.blogspot.com.br/2012/10/curriculum_3.html