9 de ago. de 2010

A Contação como Performance


Todos os domingos, no MAC, às 16h, acontece o "Histórias no MAC", uma sessão de contação de histórias. Ontem, eu fiz a minha participação.

Acontece toda vez: como a contação é realizada ao longo da varanda-galeria, o que acaba sucedendo? O que foi feito, em princípio para ser realizado como contação, acaba se trasnformando em performance.


Vários motivos: o primeiro pelo próprio sítio em que a sessão acontece, a galeria, onde tudo que se espera e se expecta são obras de artes visuais. Sendo assim, qualquer ato humano diferenciado do cotidiano e da ação de observador realizado ali é considerado performático. Os gestos de um contador ao preparar o seu material, ao se colocar em permanência no espaço, ao invés de se deslocar como os visitantes fazem, chama uma atenção diferenciada por parte do público. E, em se tratando de um espaço em que o contemporâneo, surge a abertura por parte desse público mesmo à arte contemporânea e todas as suas viabilidades expressivas.


Tratava-se da exposição "O lugar da linha" (até 22 de agosto!) e, claro, para dialogar com o conceitual, escolhi
minhas histórias de fios.

E sim, levei novelos de lã.

Antes do horário de início, subi à varanda e preparei o terreno e vou dizer: eu amo tanto os fios, que faço tudo como se fosse um ritual, prestando atenção a toda ação que eu realizo. Talvez mais ainda, quem me observa e aos fios atribua uma significado diferenciado à ação.

E tecia meus fios pelo espaço...

E trago aqui algumas das experiências do público - das que lembro e que ouvi e vi:

1. diálogo entre mãe e filho...

- O que ela tá fazendo, mãe?
- Não sei. Vamobservar. Senta aqui. Olha tudo: as cores, como ela coloca os fios. Olha lá: vai mexer no fio. Ela não gostou do jeito que tava. Ó: agora ela vai tirar foto. "Alá": mudou de novo o fio de lugar. Tirou foto de novo.
... (eu me afasto)
- Mas é o que esse desenho?
- Não sei. O que você acha?
- Hum... parece uma estrela...


2. diálogo entre casal...

- Ela mistura a lã e fica cantando, é isso?
- É... música é linha também, né?
- Linha misturada, hahahahaha!
- hahahhahah!

3. diálogo entre casal outro...

- Que é isso?
- (impaciente) É linha. É tudo linha. É linha de tricô.


4. capítulo último...

- Ah! É uma contação, é? Ahahn, eu pensei...


...

Pensou... Iludiu... Suspendeu... Criou conjecturas mil, se pôs a desenrolar fios de pensamentos sabe-se lá quantos.

Modificou-se...

Esse não é um papel para as Artes?

É...

A contação como performance.

8 de ago. de 2010

Histórias no MAC - Fios...


Queridos,

hoje é dia dos pais! Só pra contrariar um pouco: papais, vocês já contaram uma história pros seus filhos hoje? Se sim, que maravilha! Se não, que tal agora?

Não importa que ele esteja na barriga, vendo tv, pendurado no computador ou em outro lugar distante de ti: conta!, um caso que seja.

Pode ser uma história da tua infância, pode ser uma história que você ouviu e sempre gostou. Mas conta, pai, conta!

Embolem os teus novelos de vida e vocês vão ver: vai dar um nó tão gostoso, que vocês nem vão querer desenrolar.

Se vocês quiserem um ajudinha, papais e mamães, apareçam hoje lá MAC, em Niterói: às 16h, vou contar três hsitórias da série do Fios... - Aracne, Os 7 novelos e A moça tecelã.

Sigam os fios...

1 de ago. de 2010

Simpósio Internacional de Contadores de Histórias


Mais um ano de histórias...

O Simpósio Internacional de Contadores de Histórias foi lindo. Foi uma delícia rever o querido Daniel Azulay e sua alegria emuitos outros contadores, como o grupo Escuta Só - vai e procura, porque eles são muito cativantes, mesmo.

A minha participação foi uma gratidão. A platéia esteve super generosa. Contei duas histórias da série "Fios": "Aracne" e "A moça tecelã".

O interessante, no mínimo, em um evento como o SICH, é que você pode ir por vários motivos: por querer e gostar de ouvir histórias, para mostrar o seu trabalho, para aprender com outros. Além dos outros motivos, certo!, o último é o que mais me chama atenção. Sim, pois quando digo isso não é só em relação às oficinas e palestras, mas principalmente à maratona, pois é lá que vemos os contadores repletos do espírito da arte e crentes na linguagem que desenvolvem e do modo que desenvolvem. É bonito de se ver tanta gente, como tanto jeito diferente de contar.

E o que é melhor: respeitando as histórias, respeitando o público, respeitando a arte.

Isso é que trama boa.

Até a próxima história...

Pra conhecer mais... Curriculum

http://mundoazulth.blogspot.com.br/2012/10/curriculum_3.html